sábado, 8 de outubro de 2011

Intervenção do Bloco de Esquerda nas comemorações do 101 aniversário do 5 de Outubro, promovida pela Assembleia Municipal de Salvaterra




A República, implantada pela revolução popular de 5 de Outubro de 1910, constituiu a primeira tentativa histórica de democratização e de modernização da sociedade portuguesa no século passado.
Apesar de todos os progressos e retrocessos, a 1ª República é, sem dúvida, um património da luta emancipatória do povo e da esquerda portuguesa pela democracia, pelo progresso e pela justiça social.

A 1ª República trouxe-nos, talvez, a mais importante reforma civilista das instituições do século XX: a separação do Estado e das igrejas, a laicidade do Estado e da escola pública, o casamento civil e o divórcio, o registo civil.

O regime monárquico, que tinha deixado subjugar os interesses do País aos da coroa britânica, que gastava mais do que o País lhe podia proporcionar, que se mostrava incapaz de responder à instabilidade política e social, havia de cair. E caiu.

A ditadura se seguiu à 1ª República encerrou Portugal entre as linhas de fronteira, enxovalhou a nossa dignidade, oprimiu-nos com brutalidade.
Abril devolveu-nos a esperança e a redefinição dos ideais e valores que devem sustentar as comunidades humanas. É História, é a nossa História.

E História não é Passado. É Presente.
E neste Presente em que temos uma oportunidade única de relançar o futuro dos nossos legatários, o cenário é transtornante.

Proliferam mudanças profundas do ponto de vista geoestratégico e económico.
Os mercados especulativos não regulados estão a atacar os Estados soberanos. Esses Estados (Portugal incluído) estão fragilizados. Assim como as pessoas.
As regras de jogo, impostas pela força do Capital, subjugam as pessoas em vez de as dignificar.

Aqui, na terra que nos viu nascer, no momento em que encerram centros de saúde e estações de correios, escasseiam médicos e cuidados de saúde, e nos querem fazer crer que tudo isto é absolutamente admissível e deve ser respeitado em nome do desígnio troikiano, somos, pois, chamados a um exercício de lucidez que reclama acções corajosas que passem pela preservação do essencial da nossa identidade e soberania.

Que no que compete a esta Assembleia Municipal sejamos capazes de defender os direitos daqueles que nos elegeram. Pede-se uma união convergente de esforços para uma reacção enérgica e decidida contra os ventos que sopram de Belém e São Bento, sob a égide do FMI.

É sob os interesses das populações que devemos agir e reagir. E sob o espírito da República que nos devemos mostrar rebeldes e revolucionários contra a asfixia e austeridade financeira.

Viva o 5 de Outubro! Viva a República! Viva Portugal!

(Discurso proferido pela Bancada do Bloco de Esquerda na sessão de evocação do 101º aniversário da implantação da República em Portugal)

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