domingo, 11 de julho de 2010

Voto de Pesar pelo Falecimento de José Saramago

José Saramago nasceu em Azinhaga, na Golegã, em 16 de Novembro de 1922, numa família de pequenos agricultores. Satisfazia a sua paixão pelos livros, passando as noites na Biblioteca Municipal Central de Lisboa.
Em 1947 publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado. Nos anos seguintes dedicou-se à crítica literária, à poesia, e ao jornalismo e também a contos, literatura de viagens, peças de teatro e vários volumes de diários e memórias. Mas é nos romances que José Saramago se evidencia numa dimensão intelectual, artística, humana e cívica singular.

O voto de pesar pelo falecimento de José Saramago é também um voto de pesar pela nossa imensa perda, para o povo português e para a cultura portuguesa.
Saramago ofereceu-nos a força mais pura da criação, reflectindo o mundo para nos devolver um outro renovado e humano nas suas limitações e deslumbramentos. Nos livros e na vida, nas suas palavras, confrontou-se e confrontou-nos com a tragédia de existir, com o amor a ditar-nos a vida, com as marcas que a história feita por ditadores minúsculos deixou em homens e em mulheres aos quais a história nunca deu força ou tamanho. E essa façanha implicou também encarar deus de frente encarar de frente o país e a sua mesquinhes mas também a sua grandeza. O que ele disse mais ninguém escreveria. E essa coragem deve também agora ser celebrada, para que os tiranezes sejam cada vez menos, para que a tacanhez seja vencida, em nome do espírito livre e de um pais que seja mais do que uma organização económica, e que não renegue o seu povo a sua história, a sua cultura. Um país que, agora ainda mais, devera demonstrar que mereceu esta obra de um homem só, sobre muito mais do que um povo só. Porque Saramago que soube quebrar todas as fronteiras, fronteiras de língua e do país, pelo enorme reconhecimento internacional que teve, mas mais ainda, fronteiras de linguagens e de imaginários, torna-nos mais e mais acompanhados. Hoje são parte do que somos todos e tantos que somos, o amor de Baltazar e Blimunda, uma península feita jangada, um país de morte suspensa, um deus à semelhança do homem. Quem nos dera saber contar uma vida assim…

A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, reunida em 9 de Julho de 2010, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de José Saramago e expressa aos seus familiares, e em especial a sua mulher, Pilar del Rio, e a sua filha Violante Saramago, as mais sinceras condolências.

Comprometendo-se atribuir uma placa toponímica e/ou nome a um equipamento cultural, para que o homem e a obra sejam homenageados e lembrados pelo reconhecimento da sua singular dimensão intelectual, artística, humana e cívica.

Grupo do Bloco de Esquerda
Salvaterra de Magos, 09 de Julho de 2010

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