quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Declaração Politica

“Nós somos os 99%”, escrito e cantado em diversos idiomas, e “A rua é nossa” foram lemas que ecoaram pelas manifestações do 15 de Outubro, um pouco por todo o mundo. Centenas de milhares participaram neste protesto global, nomeadamente em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, mas ecoou também em alguns países da Ásia. Em Portugal dezenas de milhares de pessoas participaram nas manifestações realizadas neste 15 de Outubro em 9 cidades Portuguesas.

O melhor e o mais excitante neste movimento é a confluência de muitos movimentos sociais, com gente da classe média e da classe trabalhadora que chegou à Wall Street ou à Rua Principal de alguma outra grande ou pequena cidade para dizer “estamos fartos”.

Estas manifestações tiveram como pano de fundo a passada quinta-feira, quando país estremeceu, fomos vítimas de uma declaração do primeiro-ministro e das principais medidas do Orçamento de Estado para 2012.

Sobre a assinatura do Memorando com a Troika, o país viveu uma campanha eleitoral onde PSD e CDS garantiram que os sacrifícios eram necessários, mas suficientes para vencer a crise. As vozes que se levantaram dizendo que o acordo com a troika só traria mais dificuldades e que a espiral da recessão só traria mais austeridade foram acusadas de irresponsáveis.

Passaram apenas 4 meses e austeridade soma mais austeridade e não se vislumbra uma saída da crise, caso se persista nas mesmas soluções. Quando foi anunciado o corte no subsídio de Natal deste ano, muita gente disse que entendia, que era preciso e que se aguentava. Ainda esse corte não foi

efectuado e já sabemos que serão cortados os dois subsídios (natal e férias) até 2013 aos trabalhadores e trabalhadoras da administração pública. Buracos atrás de buracos orçamentais são a única justificação que Passos Coelho dá aos portugueses e portuguesas.

Aumenta-se o horário de trabalho, satisfazendo assim uma reivindicação do patronato, depois de já lhes ter sido dado aquilo que tanto ambicionam – facilitar os despedimentos e reduzir as indemnizações devidas aos trabalhadores e trabalhadoras.

Não há nenhuma reivindicação dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, dos desempregados e desempregadas, dos precários e precárias que seja atendida pelo Governo. Nem sequer o anunciado “descongelamento” das pensões mínimas poderá ocultar esta realidade. O descongelamento não é mais que uns insignificantes euros num rendimento de pura miséria. Os aumentos que abrangem todos os serviços são colossais. O empobrecimento crescente será o nosso futuro próximo.

Mas a semana foi de reacção. Levantaram-se vozes indignadas. O Bispo Januário Torgal Ferreira fez ouvir a sua voz com uma clarividência absoluta.

As duas centrais sindicais decidiram convocar uma greve geral para dia 24 de Novembro contra as medidas de austeridade inscritas pelo Governo no Orçamento de Estado para 2012. Numa declaração conjunta, CGTP e UGT anunciaram que greve será uma luta pela indignação e contra a destruição do país, porque a resposta à indignação de um povo, a inevitabilidade da austeridade não vale nada.

No passado sábado, milhares e milhares saíram à rua em todo o Mundo e também em Portugal. Soltou-se a voz do povo que exige justiça social e mudança de rumo, quebram-se amarras e receios: temos que lutar, todos e todas, na mesma luta.


Luís Gomes

Salvaterra de Magos, 19 de Outubro de 2011

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