O risco de pobreza e exclusão social na União Europeia
atingiu em 2011 quase 120 milhões de pessoas, um em cada quatro cidadãos na
região mais rica do mundo. Há 2,6 milhões de portugueses nessa situação, mas as
regras seguidas pelo Eurostat fazem com que o empobrecimento do país esteja a
diminuir o rendimento necessário para se ser considerado pobre, enfraquecendo
os indicadores da exclusão.
A situação na União Europeia a 27 tem vindo a
agravar-se de ano para ano, subindo 0,8 pontos entre 2010 e 2011, sem que sejam
ainda levados em conta os efeitos dos picos mais intensos da carga
austeritária, na segunda metade de 2011 e 2012.
Portugal, segundo números divulgados pelo Eurostat, o
organismo responsável pelas estatísticas na UE, regista até
uma ligeira queda em 2011, mas numerosos especialistas consideram que o padrão
de avaliação não traduz fielmente a realidade portuguesa. O governo considera
"grave" a situação e considerou a "melhoria" como um
reflexo da sua política, o que não corresponde à realidade uma vez que 2011
refletiu principalmente os efeitos de decisões tomadas em 2010.
O país em situação mais grave é a Bulgária, com 49 por
cento da população em risco de pobreza e exclusão social em 2011, seguida pela
Roménia e a Letónia, com 40 por cento, a Lituânia, com 33 por cento, a Grécia e
a Hungria com 31 por cento. A exemplo de Portugal, também os dados anunciados
para a Grécia não refletem ainda toda a extensão da gravidade da situação
social no país.
Os últimos indicadores do Instituto Nacional de Estatística
confirmam a diminuição do rendimento que tem atingido a maioria dos cidadãos:
"de acordo com este inquérito, a mediana do rendimento monetário líquido
por adulto equivalente registou um decréscimo nominal de 3% entre 2009 e 2010”.
Como, para se ser considerado pobre, é preciso ter rendimentos inferiores a 60%
da mediana do rendimento monetário líquido por adulto, o resultado prático do
empobrecimento generalizado dos cidadãos foi uma diminuição estatística da
população em risco de pobreza e exclusão.
Os números são esclarecedores. Em 2010, um individuo
que ganhasse menos de 434 euros fazia parte da população em risco de pobreza,
mas em 2011 qualquer pessoa que ganhe mais de 420 euros já está fora dos
indicadores de pobreza. Ou seja, o empobrecimento global do país está a fazer
com que pessoas – que permanecem em risco de exclusão – sejam “limpas” dos
números oficiais da pobreza.
Estes indicadores de pobreza e exclusão social são um
sinal clarificador da crise que este sistema económico e social atravessa e no
qual o PS e PSD têm sustentado a sua governação em Portugal.
Luís
Gomes
Salvaterra de Magos, 05 de Dezembro de
2012
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