quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Declaração Política


Desde 1916, quando pela Lei nº 621 a junta de paróquia passou a designar-se por “Junta da Freguesia”, muito mudou no país: alterou-se a distribuição territorial das populações, cresceram os equipamentos, aumentaram as prestações de serviço social das autarquias aos residentes. Impunham-se, por isso, alterações legislativas quanto ao reforço das competências e recursos financeiros das freguesias, à melhoria da participação pública, ao aprofundamento da democracia local, à concretização da Regionalização e uma organização da administração territorial mais adequada às exigências cívicas do nosso tempo.
Mas a nova lei da RATA não quer adequar a organização autárquica ou melhorar a resposta das freguesias às novas exigências da cidadania. Não! o que esta lei pretende é centralizar o poder através da redução, “por agregação, de um número significativo de freguesias”, mais de 1.000 em todo o país. E diminuir as competências das autarquias, enfraquecer a participação popular nos órgãos autárquicos, acabar com a principal vantagem das freguesias, a proximidade com as populações.
Está pois, em ebulição, através de diversas iniciativas legislativas, o maior ataque ao poder local representativo, a agregação de freguesias foi só o início, os municípios estão a caminho, pelo meio, temos as novas competências e reorganização das comunidades intermunicipais, todas com o mesmo objetivo, diminuição da representatividade politica e da fiscalização popular.
Por isto, centenas de pessoas manifestaram-se no passado dia 6 contra a extinção das freguesias. No parlamento, todos os partidos da oposição se posicionaram contra a lei da maioria governamental. As acusações da oposição ao PSD e CDS foram claras, “O que hoje aqui estão a fazer é uma sentença de morte sobre a autonomia local”, “a direita que corta a direito e aprova a pacote a extinção de mais de 1.100 freguesias, num processo de enorme desonestidade intelectual”. Uma sentença de morte sobre a autonomia local, mas também sobre o papel histórico de alguns partidos, que dela se querem reivindicar e que não são senão coveiros dessa autonomia local! Denunciou igualmente, que pela lei governamental as freguesias não terão quaisquer meios ou apoios logísticos reforçados e que a maioria PSD-CDS já apresentou no parlamento “uma proposta que visa criar quase uma centena de novos cargos em instituições intermunicipais com vencimentos equivalentes a presidentes de Câmara”. Criticaram ainda o “afastamento de milhares de pessoas do voluntariado local” e avisou ”Esperem pelo veredicto popular”.
No dia 14 foi a vez da petição subscrita por 4277 residentes no concelho de Salvaterra de Magos, subir a plenário da Assembleia da República e ser debatida, mais uma vez as vozes da oposição a este governo se fizeram ouvir na condenação a esta lei da extinção das freguesias.
O Bloco de Esquerda desde a primeira hora foi claro na sua posição, contra a extinção das freguesias e pela consulta popular, nesta reorganização autárquica imposta pelo governo PSD e CDS. Foi assente nesta coerência, que estiveram presentes em ambos os momentos, delegações dos nossos autarcas, através da Sra. Presidente de Câmara e Presidentes de Juntas de Freguesia. 
Este movimento de luta contra a extinção de freguesias foi um crescendo em todo o país, e muito nos orgulhamos de estarmos ao lado da maioria dos municípios portugueses, nesta luta pela democracia local. E constatar através de muitas vozes que hoje reconhecem que a consulta popular proposta, através do referendo, pelo BE, era uma luta justa e fundamental para a defesa da democracia local.
Mas em Salvaterra de Magos tivemos um Partido Socialista, ausente destes momentos, de defesa de todas as freguesias do concelho. Esta ausência fala por si, pois no nosso concelho, o PS esteve com este governo, lutou contra a consulta da nossa população, depois de “dar o dito pelo não dito”, colocaram no lixo a petição pela defesa de todas as freguesias, desrespeitando todos os seus subscritores, e foi com um acordo com o PSD que aprovou a pronúncia pela extinção da freguesia do Granho (fomos o primeiro concelho a aplicar esta lei Relvas pela iniciativa do PS e PSD) e não satisfeito, fez tudo para a extinção da freguesia de Foros de Salvaterra e encerramento da sede de freguesia de Salvaterra de Magos.
A proposta aprovada por unanimidade em Salvaterra de Magos, foi um sinal evidente, que a postura do BE contra a Reorganização Administrativa Territorial Autárquica e pelo referendo local, proporcionando a participação efetiva das populações, foi justa, confirmando a oportunidade histórica, da afirmação da democracia participativa. Lamentamos que outros, através do voto e palmas hipócritas, tenham desde sempre enganado a nossa população. Cá estamos e estaremos, pela defesa da democracia participativa, fazendo a luta toda pela defesa de todas as freguesias, sempre!

Luís Gomes

Salvaterra de Magos, 21 de Dezembro de 2012

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