sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Morreu Nelson Mandela

Morreu Nelson Mandela

Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, o homem 
que liderou a luta para pôr fim ao regime racista do apartheid, morreu 
esta quinta-feira em Johannesburgo aos 95 anos de idade. "A nação 
perdeu o seu maior filho", disse o presidente Jacob Zuma, ao 
anunciar o falecimento. Mandela terá um funeral de Estado.

Nelson Mandela: Pai da moderna nação sul-africana. Foto de South Africa The Good News, wikimedia commons





























Nelson Rolihlahla Mandela era o mais importante líder da África negra, Prémio Nobel
da Paz de 1993, considerado o Pai da moderna nação sul-africana e "um dos maiores
 líderes morais e políticos do nosso tempo", segundo Ali Abdessalam Treki, Presidente
da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010.
Da militância estudantil à luta armada
Como jovem estudante do primeiro ano do curso de Direito na Universidade de Fort
Hare, Mandela começou a atividade política no movimento estudantil, num boicote
contra as políticas universitárias e foi expulso da universidade.
A partir de então envolveu-se na oposição ao regime do apartheid, entrando no
Congresso Nacional Africano em 1942, e fundando, dois anos depois, com Walter
Sisulu e Oliver Tambou (um de seus melhores amigos), entre outros, a Liga Jovem
do CNA.
Comprometido de início apenas com atos não-violentos, Mandela e seus colegas
decidiram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960,
quando a polícia sul-africana disparou sobre manifestantes negros, matando 69
pessoas e ferindo 180. Em 1961 fundou a ala armada do CNA - Umkhonto we Sizwe
(a Lança da Nação) para combater a discriminação do apartheid.
27 anos na cadeia
Foi condenado à prisão perpétua em 1964, pela sua luta contra o regime
segregacionista do Apartheid, que vigorava na África do Sul.
No julgamento declarou-se inocente das acusações lhe faziam, mas culpado por
lutar pelos direitos humanos, por liberdade, por atacar leis injustas e na defesa
de seu povo; admitiu ter feito sabotagens - algo que poderia ter omitido -
desafiando o governo a enforcá-lo. Falou por quatro horas, concluindo: "Durante
a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação
branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre
e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades
iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal
pelo qual estou disposto a morrer". Passou 27 anos na prisão.
Em 1985, não aceitou a liberdade condicional que lhe foi oferecida em troca de não
incentivar a luta armada contra o governo. Só seria libertado em 11 de fevereiro de
1990 pelo presidente Frederik Willem de Klerk, que também revogou a proibição do
Congresso Nacional Africano (CNA) e de outros movimentos de libertação. Mandela
tinha já 71 anos.
Fim do apartheid
Começava assim a transição para a democracia e o fim do apartheid, que culminou
com a vitória esmagadora do CNA nas primeiras eleições multirraciais do país, em
1994, com 62% dos votos e 20% do Partido Nacional do ex-presidente Frederik De
 Klerk. De acordo com a Constituição de transição negociada, Mandela assumiu
como presidente, e Thabo Mbeki, do CNA, e De Klerk, do PN, como vice-presidentes,
formando um governo de unidade nacional.
Uma nova Constituição seria aprovada em 1995, ano em que foi também formada
a Comissão de Verdade e Reconciliação, para investigar os crimes do apartheid.
Reforma
Em 1999, Mbeki foi eleito seu sucessor. Um ano antes, aos 80 anos, Mandela
casou-se pela terceira vez com Graça Machel, viúva do ex-presidente moçambicano
Samora Machel. O presidente sul-africano tinha-se divorciado de Winnie Mandela
em 1996.
Quando deixou a presidência, Mandela declarou que iria partir para uma tranquila
reforma, mas continuou a ter um papel internacional de relevo, só se retirando da
vida pública efetivamente quando completou 85 anos.

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