Intervenção na
Assembleia Municipal
"Portugal é uma república soberana,
baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na
construção de uma sociedade livre, justa e solidária." (Princípios
fundamentais, art1CRP).
Na sociedade estamos a assistir a
mudanças muito profundas de várias ordens, mas não podemos descurar que é
fundamental que todos os cidadãos tenham a mesma dignidade social, pois é
condição obrigatória e essencial para que essa sociedade evolua e trilhe
caminhos de justiça.
É fundamental termos sempre presente a
coesão social e acção social que por seu lado, é um conceito corrente e aceite,
em termos de dinâmica de vida social, designando a harmonia, a união de forças
sociais e das instituições que as sustentam e que concorrem para um fim
harmonioso e coerente de vida em comum.
A coesão social implica, por isso, e
necessariamente, um certo grau de solidariedade para a concretização da qual a
integração social é o processo mais indicado.
Opõe-se a uma sociedade coesa uma
sociedade desorganizada, polarizada espacial e socialmente, que exclui pessoas,
grupo ou mesmo territórios.
Ora, num mundo de desigualdades, de
exclusões, de pessoas possuídas dos não direitos, efectivar os direitos
sociais, no quotidiano, é trabalhar no sentido de uma sociedade mais justa,
mais solidária, e portanto, mais coesa.
Como sabemos, é este o grande desafio da
acção social, criar condições para que as pessoas, grupos famílias usufruam dos
seus direitos, tenham acesso aos recursos, participem socialmente, sejam
protagonistas das suas próprias vidas e da sociedade onde se inserem, sejam, no
fundo, cidadãos, autônomos e responsáveis.
Não pode haver coesão social numa
sociedade, como é a sociedade europeia actual, em que existem cidadãos que vêem
os seus direitos garantidos enquanto outros não conseguem satisfazer as suas
necessidade essenciais e, por isso, estão excluídos, vivendo à margem da
sociedade, o fosso é cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres.
Ora, a acção social inconformada com os
que, por uma série de razões, têm menos vez e menos voz, sempre tem actuado
preferencialmente nestas margens, agindo com técnica, mas também com
generosidade, promovendo, embora, com métodos variados, uma acção de rosto
humano, próxima, personalidade e feita à escala do local, onde a vida é real.
Naturalmente que uma acção social
protagonista da coesão social não se pode limitar a agir exclusivamente a micro
nível e à escala individual, mas tem de se colocar numa outra dinâmica bem
traduzida em que fazer local é pensar global. Isto é, a acção social tem que
ser a capacidade de saber influenciar políticas e decisões e pôr assim o seu
extraordinário conhecimento das realidades sociais ao serviço do
desenvolvimento e da coesão social.
Fazendo uma visita ao trabalho cumprido
pelo BE enquanto responsável pelo executivo do nosso município, e no que se
refere a área da acção social podemos salientar, com muito orgulho:
- universidade sênior;
- cartão magos sênior;
- loja social
- cantina social
- centro de apoio a integração de
imigrantes;
- bolsas de estudo ao ensino superior
- banco local do voluntariado,
- teleassistência
- passeio dos idosos e convívios
- atl para crianças,
- manuais escolares
- habitação social
- transportes escolares em que a câmara
foi sempre mais além onde a lei determinou,
- jardins de infância,
É com muito orgulho que o BE olha para o
trabalho realizado na área do social e sente que contribuiu para um concelho
que olhou para as relações intergeracionais assente numa solidariedade durável.
Ouvimos atentamente as intervenções
feitas durante o dia de hoje no primeiro dia temático "Pensar e sentir o
concelho", e registamos os quatro pilares focados na intervenção de
abertura, os quais consideramos de extrema importância que se venham a
concretizar num curto espaço de tempo, no sentido de reverter o drama social
que muitas famílias vivem no concelho de Salvaterra de Magos, e que necessitam
de ajuda, e percebemos numa das intervenções que o concelho de Salvaterra de
Magos tem cerca de 2200 pessoas com necessidades, na ordem d 112 famílias, o
que se revelam números bastante preocupantes, a registar:
- a inclusão de mais pessoas no RSI
através de fundos comunitários;
- a dinamização das comissões sociais de
freguesia;
- a especialização dos Lares dos Idosos
através da dinamização de cada unidade de acolhimento, promovendo a manutenção
de empregos por um lado e a criação de melhores condições de vida para os
nossos idosos;
- por ultimo a potenciação de mais
voluntariado no âmbito das questões sociais e de saúde.
No que se refere à saúde a população de
Salvaterra de magos tem vindo a assistir à redução sistemático do acesso à
saúde na sua globalidade, nomeadamente através da saída de médicos que não são
substituídos, acrescendo as fortes dificuldades advindas das medidas de
austeridade que o governo tem vindo a implementar e que dificultam a acesso à
saúde, e sem proporcionar quaisquer alternativas à população.
Cerca de 41% da população de Salvaterra
de Magos não tem acesso a médico de família, sendo este o concelho com menos
cobertura da ACES da lezíria. A percentagem da população afectada aumentará com
a saída de dois dos médicos em vias de aposentação, ultrapassando os 50%.
Como forma de combate a esta
problemática, é fundamental que no nosso concelho se definem prioridades. Na
nossa opinião passam pela reabertura das extensões de saúde do Granho e de Muge,
a abertura e funcionamento integral da extensão de saúde de Foros de Salvaterra
e a cobertura total da população do nosso concelho com médico de família.
Pois consideramos que o acesso à saúde é
um direito previsto constitucionalmente, contrariando a tendência para a saúde
ser um bem para quem tem condições financeiras.
Nesse sentido
realizámos recentemente reuniões com o ACES da Lezíria do Tejo, Centro Saúde de
Salvaterra de Magos e comissão de utentes de saúde do concelho de Salvaterra de
Magos, com a presença dos deputados João Semedo e Helena Pinto, tendo estas
iniciativas resultado em diversas perguntas dirigidas ao governo, através do
ministério da saúde, sobre a resolução das dificuldades da nossa população no
acesso à saúde.
As dificuldades que atravessamos são infelizmente uma realidade
que ultrapassa o nosso concelho. A saúde, o plano social e a situação no
distrito caracteriza-se pela falta de médicos, de enfermeiros e outros
profissionais; ruptura de fornecimento de materiais e produtos de manutenção;
redução no apoio a transporte de doentes; aumento das taxas moderadoras e dos
medicamentos; funcionamento irregular dos SAP e de Serviços de Urgência Básica;
descoordenação entre cuidados primários e cuidados hospitalares; aumento dos
preços dos bens de primeira necessidade, de impostos e juros; a redução de
salários e prestações sociais, o aumento do desemprego; encerramento de
serviços públicos de proximidade.
Terminamos com a
convicção que esta luta pelos direitos de todas e todos aos cuidados de saúde,
depende da luta da população, dos autarcas e de todos aqueles que defendem este
serviço público, fundamental para a qualidade de vida a que todos têm direito. A população do Concelho de Salvaterra de
Magos tem muitos motivos para manifestar-se contra esta política da troika e o
seu total descontentamento por este claro ataque ao direito a este serviço
público essencial, a saúde.
Eleitos do Bloco de Esquerda
Salvaterra de
Magos, 22 de Fevereiro de 2014
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