Reunião de Câmara Municipal de 16 de Abril de 2014
Notas sobre a última reunião de
câmara
Na
última reunião de câmara fomos confrontados com um conjunto de procedentes que
gostaríamos de assinalar e acima de tudo manifestar que estaremos atentos a
futuras reuniões de câmara, manifestando que os mesmos sejam permanentes no
mandato em curso. Estamos a falar da possibilidade do público intervir em
reuniões extraordinárias. O regimento é omisso e a lei não é clara, a maioria
dos juristas tende a manifestar o impedimento de intervenções do público. No
entanto, para o Bloco de Esquerda é fundamental a participação dos munícipes de
uma forma livre e democrática em todas as reuniões de câmara de todas e todos
que assim o desejem, neste sentido e aberto este precedente, ele deve ser seguido
em todas as reuniões de câmara extraordinárias do mandato em curso.
O
mesmo no que se refere às declarações de voto, lamentando que o vereador da CDU
com a cobertura da maioria do Partido Socialista tenha aproveitado esta
declaração de voto para intervir sobre uma matéria que não estava em debate e
assim atacar mais uma vez a anterior gestão do Bloco. Estaremos atentos a este
precedente, até porque já fomos impedidos de exercer esse direito.
Manifestar
igualmente algumas dúvidas sobre a legalidade da substituição do
vice-presidente (vereador com pelouros), mas acima de tudo com a legalidade de
ser substituído por o adjunto da presidência. Manifestando que para o Bloco de
Esquerda as deliberações tidas na respectiva reunião não estão em causa, mas
deve-se no entanto acautelar futuros actos idênticos e precaver o cumprimento
legal dos mesmos.
Por último referir que lamentamos as palavras
dirigidas pelo Presidente de Câmara a um ex. vice presidente do Bloco,
nomeadamente quando afirmou “…ter fugido do país e da gestão autárquica …”.
Facto lamentável porque o próprio não estava presente para se pronunciar,
porque Cesar Peixe foi um vice-presidente que exerceu as funções com uma
correção invejável e respeitador permanente de todas e todos desta casa. Porque
estas palavras preferidas foram a pretexto do desporto, demonstrando uma total
incessibilidade por um grande nome do desporto nacional que foi Cesar Peixe e
um grande orgulho para o nosso concelho. Por último, porque desrespeitou
gerações de emigrantes que se viram obrigados a emigrar para encontrar melhores
condições de vida, particularmente a esta recente geração de jovens emigrantes
que se viram excluídos da vida do nosso país por políticas levadas a cabo por
governos do PS e PSD.
Por
último gostaríamos igualmente de assinalar a declaração já esperada do
vice-presidente em funções, pela sua correção, elevação e dignidade, no entanto
informamos o Sr. vice-presidente ausente da reunião em causa, que somente
questionamos a sua ausência pelo facto do agendamento da reunião extraordinária
ser feita para os três dias em que estava de férias, quando ela poderia ser
perfeitamente adiada um dia ou antecipada um dia e assim estar presente nesta
reunião, que como todos sabemos, é agendada para a data que o presidente assim
entender, logo temos toda a legitimidade para fazermos uma leitura politica
sobre esse agendamento.
Declaração de voto da CDU
Como
já referimos o vereador da CDU preferiu numa declaração de voto da reunião de
câmara anterior afirmações que consideramos de extrema gravidade. Já
assinalamos a particularidade desta declaração de voto e o seu precedente,
completamente fora do tema em debate e facilmente se compreende esta
cumplicidade da maioria, no entanto a gravidade do seu conteúdo é que é
lamentável. Nesse sentido deploramos o facto de o vereador ter afirmado que a compra
dos terrenos da zona industrial de Muge terem sido adquiridos acima do valor da
sua avaliação, o que significa que para o Sr. Vereador da CDU a maioria do
Bloco tirou proveito próprio dessa compra ou deu proveito a terceiros.
Lamentamos tal insinuações, num contexto em que não tínhamos direito a resposta
(declaração de voto) e estranhar que aquando desta decisão a CDU não ter
procedido a uma queixa deste suposto crime junto das instâncias próprias como
era o seu dever. Perante tais acusações sugerimos que deem procedimento a estas
acusações junto das instâncias próprias. Para o Bloco de Esquerda é inaceitável
e não pactuamos com favores directos ou indirectos dos eleitos, manifestando no
entanto a nossa total confiança nos eleitos do Bloco.
Comissão da Assembleia Municipal
Gostaríamos
de mais uma vez lamentar a camuflada decisão de unidade e pluralidade proposta
pelo Partido Socialista na assembleia municipal ter sido mais uma vez quebrada.
Denunciamos na altura própria da total manipulação da iniciativa sobre saúde e
questões sociais, afirmando que não aceitávamos factos consumados e ser
figurantes de jogadas de bastidores do PS. Facto esse, que se voltou a repetir
sobre a temática dos festejos dos 40 anos do 25 abril, mais uma vez fomos
confrontados com factos consumados. Assinalamos mais uma vez que estamos disponíveis
para um debate claro, transparente e democrático e não pactuamos com manipulações
de democracia e da participação livre e autónoma do Bloco de Esquerda em todas
as iniciativas propostas no âmbito da assembleia municipal.
Iniciativa do Bloco de Esquerda
sobre Saúde
Informamos
que o Bloco de Esquerda vai levar acabo no dia 8 de Maio pelas 21.00 horas uma sessão
pública sobre saúde, intitulada, Cancro: causas, prevenção, rastreio e tratamento,
na Casa do Povo da Glória do Ribatejo. São convidados, médico, deputado e
coordenador do BE João Semedo, Dr. Jorge Espirito Santo, médico oncologista e
Rogério Monteiro, porta-voz da comissão de utentes de saúde do concelho de
Salvaterra de Magos. Esta iniciativa vem no seguimento da moção apresentada
pelo Bloco neste órgão e dos indicadores elevados de falecimento com doenças
oncológicas na Glória do Ribatejo e das possíveis inferências provocadas pela
instalação da RARET na freguesia.
Encerramento das piscinas na Páscoa
A
maioria decidiu este ano manter as piscinas abertas no fim-de-semana da páscoa
contrariamente ao habitual. Gostaríamos de saber qual foi a avaliação tida em
conta para manter este equipamento a funcionar num período de pouca frequência
e num contexto de deslocações familiares para festejos desta data religiosa.
Pois estamos a falar, provavelmente do único fim-de-semana anual que os
trabalhadores das piscinas tinham disponíveis para estarem com as suas
famílias, mas acima de tudo a justificação de manter em funcionamento um
equipamento com custos muito elevados para a utilização reduzida nesta época
religiosa, considerando a rentabilização dos recursos da câmara que todos temos
que acautelar.
Anulação do concurso de iluminação
do centro escolar de Marinhais
Fomos
informados de uma suposta anulação do concurso de iluminação do Centro Escolar
de Marinhais. Gostaríamos de saber se este facto é real? Se sim, porquê? Porque
este executivo não foi informado? E a que empresa foi feito o ajusto directo?
Centro Escolar de Salvaterra de
Magos
Apelamos
a uma atenção especial por parte da maioria para a necessidade de manutenção do
Centro Escolar de Salvaterra de Magos. Nomeadamente para a limpeza das suas
instalações, no que se refere ao recinto exterior e à mudança da areia do
parque, já pedida há algum tempo. A agilização dos serviços de forma a combater
a burocratização na relação dos pais com a Câmara Municipal. Por último à
necessidade de reforço dos recursos humanos para o normal funcionamento deste equipamento.
BLOCO DE ESQUERDA DEFENDE BALDIOS
A maioria PSD/CDS prepara o maior ataque desde o 25 de Abril aos
baldios, através de projeto de lei apresentado na AR. Se este projeto vier a
ser aprovado, os baldios passarão a constituir bens privados, convertendo os
meios de produção comunitários em meios de produção do sector privado.
Os baldios são terrenos comunitários, como previsto na
Constituição. Bens de natureza coletiva, usados e fruídos pelos moradores de
determinada freguesia, freguesias, ou de parte delas. Não são apropriáveis por
cada um dos compartes, não são alienáveis, nem objecto de outros negócios
admissíveis pelo direito privado, nem objeto de aquisição por usucapião.
Os baldios sempre foram e são importante fonte de riqueza para a
vida das suas comunidades.
Durante o chamado Estado Novo, sobretudo desde o final dos anos
40 até meados da década de 60, foram inúmeras as tentativas de acabar com esta
propriedade comunitária. Os baldios foram atacados pelos Serviços Florestais do
Estado salazarista, com expulsão violenta dos povos, privados do seu uso.
A ocupação à força dos baldios pelos Serviços Florestais
contribuiu significativamente para o empobrecimento das populações rurais do
norte e do centro do país, para o despovoamento de número significativo de
aldeias e para a emigração forçada nas décadas de 1960 e 1970. As estatísticas
da altura refletem a quebra significativa do gado caprino e ovino, que era o
que mais pastava nos baldios, essencial para as pequenas economias locais.
A resistência dos povos à espoliação e à cobiça da privatização sempre
foi tenaz e com assinalável eficácia sobretudo no norte e no centro do país. As
primeiras lutas organizadas ocorreram mesmo antes do 25 de Abril.
Imediatamente depois do 25 de Abril, os povos exigiram ao
primeiro Governo provisório a restituição dos baldios a que tinham e têm
direito. Surgiram então, no início de 1976, medidas legislativas de restituição
aos povos dos baldios que sempre foram seus e de que o Estado Novo os havia
desapossado.
Atualmente, a evolução tecnológica tem permitido outros usos
agrícolas e florestais, sendo a instalação de parques eólicos importante fonte
de riqueza para os povos dos baldios, que os gerem com base em princípios
democráticos.
Para que se compreenda a importância destes terrenos e no enorme
“apetite” que despertam nos interesses privados, importa referir que, no
distrito de Santarém os baldios ocupam mais de 14 mil hectares. O concelho de
Salvaterra de Magos tem 17 hectares de Baldios, distribuídos por todas as suas
freguesias.
Em todo o país, são 500.000 hectares, o que corresponde a 5,55%
do território nacional.
Agora, o PSD/CDS prepara agora o maior ataque desde o 25 de
Abril aos baldios através de um Projeto de Lei recentemente apresentado na
Assembleia da República. A coligação governamental pretende, com esta
iniciativa legislativa, que os baldios deixem de ter a natureza jurídica de
bens comunitários, criando mecanismos para a sua progressiva privatização
quanto à exploração e também da sua passagem a bens de natureza privada.
Se este Projeto de Lei vier a ser aprovado, os baldios passarão
a constituir bens patrimoniais, isto é, privados, convertendo, nesse caso, os
meios de produção comunitários em meios de produção do setor privado. É
atropelada grosseiramente a Constituição que garante protecção constitucional
aos baldios, enquanto meios de produção comunitários.
Este abrir de caminho para a privatização dos baldios conjugado
com o novo regime de florestação, que desde 2013 abriu portas à liberalização
da plantação de eucaliptos, irá levar a que a grande indústria madeireira,
nomeadamente a de celulose, passe a explorar os baldios de acordo com o regime
legal do direito privado.
O Bloco de Esquerda está frontalmente contra esta usurpação da
propriedade comunitária e defendê-la-á a todos os níveis.
Contra o ataque das celuloses e do governo --- que de novo
investem contra direitos ancestrais, protegidos constitucionalmente ---- o
Bloco de Esquerda exorta a comunidade do concelho de Salvaterra de Magos a defenderem
o património dos baldios. PSD e CDS não podem vencer, onde Salazar falhou.
Fornos de Tijolo em
Glória do Ribatejo
Gostaríamos de manifestar preocupações com a recente decisão por
parte do presidente da União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho em
subterrar os Fornos de Tijolo do Montoia.
Estamos a falar das ruinas dos fornos de tijolo do Montoia que
estavam subterradas e que em maio de 2012 foram descobertas. O então presidente
de junta de freguesia da Glória do Ribatejo e actual vice-presidente da Câmara
Municipal declarou em entrevista a um jornal da sua intenção em recuperar estes
fornos e torna-los numa atração da Glória do Ribatejo. Estes fornos tem origem
no início do século XX, sendo responsáveis pela cozedura dos tijolos que
fornecia as construções da região e laboraram até aos anos 50.
A promessa do então presidente de junta era da sua recuperação
no ano seguinte (2013), conservar a memória da terra e atrair turistas. Passadas
as eleições temos o seu oposto, soterramento da descoberta dos fornos de forma
uniliteral, não consultando o executivo para esta decisão, mas acima de tudo
destruindo esta memória.
Assinalamos o facto desta medida ter sido articulada entre o Presidente
da União de Freguesias e o Presidente da Câmara Municipal. Manifestamos
igualmente muitas dúvidas sobre o suposto aconselhamento técnico, não sabemos
quem deu o parecer técnico, mas lamentamos tal solução encontrada e promessa
não comprida.
Felicitações
·
Felicitamos os Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos
pelas notícias trazidas a esta reunião de câmara pelo Presidente, no que se
refere à estabilidade encontrada, tanto a nível financeiro como operacional.
·
Felicitar a iniciativa da NERSANT no nosso concelho no que se
refere à Rede de Apoio ao Empreendedorismo.
·
Saudar o reforço da prestação se serviços de saúde na freguesia
de Marinhais com a contratação de um novo médico.
Luís
Gomes

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