terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Estudo denuncia perigos de OGM aprovados

Cientistas franceses alertam para os riscos na saúde dos mamíferos de três variedades de milho trangénico que já receberam luz verde para a comercialização na UE.

Os cientistas das Universidades de Caen e Rouen e do instituto de investigação CRIIGEN tiveram acesso aos dados em bruto dos testes confidenciais da multinacional Monsanto, os mesmos testes que permitiram a autorização internacional para o comércio de três variedades de milho geneticamente modificado (MON810, MON863 e NK603). Mas a contra-análise feita pelos cientistas franceses chegou a conclusões muito diferentes.

Os riscos associados ao consumo destes OGM verificam-se de forma diversa, consoante o sexo e a dose, sobretudo ao nível do fígado e dos rins, bem como do coração e das glândulas supra-renais. Todas as variedades apresentaram resíduos de pesticidas que estarão presentes na alimentação humana e nas rações animais, colocando em perigo a saúde pública.

Os investigadores apelaram à proibição imediata da importação e cultivo destes OGM e recomendam estudos dos efeitos a longo prazo (até dois anos) e multigeracional em pelo menos três espécies de animais para se chegar a conclusões cientificamente válidas e definitivas sobre o efeito tóxico dos Organismos Geneticamente Modificados.

O CRIIGEN denunciou também as agências francesas e europeias de segurança alimentar por terem considerado os produtos em causa como estando livre de riscos, baseados apenas em 90 dias de testes em ratos de laboratório. Os cientistas dizem também que existe um conflito de interesses e incompetência destas instituições para reanalisarem os dados presentes neste estudo, uma vez que já deram parecer favorável com base nos mesmos testes, ignorando os efeitos secundários

O trabalho destes investigadores foi considerado o maior e mais detalhado estudo dos efeitos destas três variedades OGM na saúde dos mamíferos. Mas só foi possível após os governos europeus terem conseguido os dados em bruto dos testes da Monsanto, disponibilizando-os publicamente para o escrutínio da comunidade científica.

Em Novembro, a multinacional Monsanto decidiu retirar à última hora o pedido de aprovação das variedades de milho trangénico LY038 e ao cruzamento LY038xMON810, pedindo a devolução de toda a documentação associada, incluindo os testes, o que foi aceite pela entidade reguladora europeia e causou grande decepção na comunidade científica, impedida de analisar aqueles dados. Para o CRIIGEN, a decisão da Monsanto teve pouco que ver com o interesse comercial e mais com a segurança alimentar. O LY038 foi aprovado em 2005 nos Estados Unidos, seguindo-se o Japão, Canadá, FIlipinas e Coreia do Sul. Mais tarde foi também aprovad na Austrália e Nova Zelândia, apesar da oposição de políticos e cientistas. As reservas europeias na aprovação desta variedade OGM ficaram a dever-se precisamente à persistência da investigação por parte de cientistas independentes neo-zelandeses sobre a candidatura da Monsanto.

Sem comentários: