quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Educação

Resolução Política apresentada pelo Vereador Luis Gomes na Reunião de Câmara, a 15 de Setembro de 2010:

Apesar dos percalços, sossegue-se o Partido Socialista - a máquina governamental de propaganda está bem e recomenda-se. Com a abertura do novo ano escolar, a Educação fez prova de vida, cada medida foi anunciada, encenada, inaugurada várias vezes. Nas últimas semanas Primeiro-ministro, Ministra e secretários de Estado têm sido chamados à grande campanha, a Educação.
É certo - a propaganda pode muito, mas não pode tudo.

Não serve para esconder as fragilidades e recuos do Governo em matéria de educação. E acima de tudo, não isenta - não nos isenta a todos - de um debate sério, de uma avaliação atenta à realidade, tantas vezes preocupante, em tantas áreas do sistema educativo.
É por isso chocante que, depois de meses de alerta por parte de especialistas, pais e professores ligados à questão da educação especial, e que têm vindo a mostrar como a nova legislação lançada pelo governo vai deixar milhares de alunos com necessidades educativas especiais sem qualquer tipo de apoio, não tenha havido um único momento no recente Festim Governamental para acautelar que tal acontecerá.

Em conferência de imprensa, a Fenprof apresentou também os problemas com que se confrontam as escolas nesta abertura do ano lectivo de 2010/2011, referindo as dificuldades acarretadas pelos “mega-agrupamentos”, a gestão das escolas, o lançamento do processo de avaliação de desempenho, a falta de pessoal auxiliar e a falta de reforço da acção social escolar.
As crianças e jovens voltaram à escola, nessa experiência sempre única que é a de um novo ano lectivo. Têm direito ao melhor acolhimento possível e a um recomeço que lhes dê confiança. As suas famílias têm direito a não esperar menos do que isto da escola pública. Mas a fúria reformista estival do governo optou por lhes retirar estes direitos.

E enquanto PS e PSD se galanteiam e se espicaçam sobre um orçamento que aprovarão contra a criação de emprego e os trabalhadores, ou reclamam os golos do estado social, passando lixívia sobre os ataques feitos e a fazer, se os deixarmos, há professores/as, entre outros profissionais, que não pararam para que as escolas não rebentassem, em Setembro, sob a cavalgada reformista, que as obrigou a mudar de vida num piscar de olhos.

E enquanto tantas crianças saem, este ano, de escolas onde a proximidade era possível para entrarem na escola da multidão, o país contínua à espera de saber quanto tempo demorarão as viagens casa-escola, e os custos para a vida das crianças deslocadas, se as carrinhas terão uma auxiliar para as acompanhar no percurso, ou as razões do encerramento de escolas de 1.º ciclo com bons desempenhos. No entanto o Governo delega competências aos municípios, mas corta nas respectivas compensações financeiras.

Entretanto, motivação e estabilidade profissional, zero, reforma curricular, zero, reforço de mecanismos e meios para combater o insucesso escolar, zero. E se no final do ano lectivo, os números relativos ao sucesso escolar se mantiverem, ou melhorarem, que é o que se deseja, o mínimo que o governo do PS deve fazer é uma procissão de homenagem a todos os professores e profissionais de educação. Com o frenesim reformista que tem atacado a escola pública, e com tudo o que falta fazer por ela, Sócrates só pode dizer: porreiro, pá, podia ser muito pior!

Estivemos e estaremos do outro lado: podia, pode ser muito melhor!
Luís Gomes
Salvaterra de Magos, 15 de Setembro de 2010

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