sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Greve Geral

A greve geral foi um sucesso, a CGTP e UGT afirmam que mais de 3 milhões de trabalhadores fizeram greve no passado dia 24. Carvalho da Silva e João Proença afirmaram que a greve geral foi a que teve maior impacto na história do país e sublinharam o apoio e a sensibilização da opinião pública para os objectivos da greve.
A democracia mostrou estar viva quando tantos decidem lutar pelos seus direitos. Por direitos comuns, numa perspectiva fraterna e solidária. A democracia não rima, de facto, com resignação.
Nos dias que correm não é fácil fazer-se greve. É certo que nos tempos em que não existia liberdade os riscos eram imensamente maiores. Mas a opressão de outros tempos foi hoje substituída pela incrível força do individualismo, pela falta de sentimento de bem colectivo. Se noutros tempos havia o risco, até da integridade física, por se fazer greve, hoje expressões como solidariedade, fraternidade e defesa de direitos laborais são totalmente estranhas em inúmeros meios. Hoje, em diferentes sectores, ser-se sindicalizado é uma extravagância.
O que determina que muitos dos que aderiram à greve geral tenham sido considerados autênticos excêntricos e líricos. E que quem adere a este tipo de protestos, usufruindo de um direito basilar da democracia, possa ser olhado com desconfiança pelas suas chefias como se de um perigoso insubordinado se tratasse.
Por tudo isto, são naturalmente de saudar os muitos milhares de trabalhadores que abdicaram nesta quarta-feira de um dia de salário. Que tiveram a coragem de abdicar das boas graças dos seus superiores ou que se colocaram mesmo em situação de fragilidade num mercado de trabalho cada vez mais instável. Fizeram-no em defesa de direitos colectivos, de melhores condições de vida para todos. Muito mais simples seria não aderir a coisa nenhuma, não se chatear, assobiar para o lado, esperar que outros assumissem a linha da frente na defesa dos nossos direitos, prosseguindo assim calmamente com a nossa vidinha.
Termino manifestando o meu orgulho por pertencer a um executivo de um município em que os seus trabalhadores aderiram massivamente a esta greve, mais de 90%, demonstraram um sentido de solidariedade, fraternidade e defesa de direitos laborais e colectivos, numa conjuntura tão difícil.
A democracia agradece essa coragem e o futuro de Salvaterra de Magos também.
Luís Gomes
Salvaterra de Magos, 02 de Dezembro de 2010

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