Faço esta intervenção em nome do meu filho, André, e de todas as crianças do distrito de Santarém que nasceram na Maternidade Alfredo da Costa.
A Umar, os Médicos pela Escolha e um grupo de pessoas no Facebook convocaram, para ontem, um Abraço à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Na convocatória, sublinham que a maternidade, que o governo quer agora encerrar, é “a maior e a mais especializada maternidade do país na prestação de cuidados ao nível da saúde da mulher e da neo-natologia, sendo aqui que se realizam o maior número de partos”.
O seu encerramento ou desmantelamento é um erro, com graves prejuízos para as populações, tanto no acesso e na qualidade dos serviços do SNS.
Simultaneamente, está já online uma petição contra o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa, que considera “impensável fechar um hospital com padrões de qualidade internacionalmente reconhecidos nas diversas áreas de atuação e que, num esforço continuado vai renovando o seu espaço, o seu equipamento e as suas técnicas para nos acolher, acarinhar e tratar”.
O fecho da maternidade Alfredo da Costa insere-se na lógica de cortar na despesa, custe o que custar, ou, mesmo que custe cuidados e assistência de qualidade e altamente diferenciada. Fechar a maternidade, distribuir os profissionais pelos hospitais da região de Lisboa, pôr umas centenas no desemprego e, se possível, negociar o edifício por muitos milhões, é o que motiva este Governo.
A maternidade Alfredo da Costa é a que maior número de partos realiza e a de maior diferenciação técnica e tecnológica nas complexas áreas da gravidez de alto risco e dos cuidados neonatais. Não se percebe que se destrua uma unidade tão valiosa e permaneçam em funcionamento maternidades com menos partos, recursos e diferenciação.
O encerramento da Maternidade Alfredo da Costa é a pior solução de todas as que se podem imaginar. Mesmo do ponto de vista da análise económica e financeira: vai ser preciso gastar muito dinheiro (e muitos anos) para reconstituir a excelência que sucessivas gerações de profissionais puseram de pé. A maternidade Alfredo da Costa tem um valor incalculável, desmembra-la, destruí-la, será sempre um prejuízo de enormes dimensões para o SNS, por mais poupanças que as contas mesquinhas e medíocres destes governantes possam fazer e anunciar.
Hoje a Alfredo da Costa, amanhã muitos outros hospitais serão fechados, total ou parcialmente. O pomposamente chamado plano de reorganização da rede hospitalar não é mais que uma lista de serviços e hospitais a abater. Está a ser assim no Médio Tejo, na região do Oeste, em Coimbra. E, agora, na Alfredo da Costa. Para troika ver, aplauso dos privados e prejuízo do SNS e dos cidadãos. Deste governo, outra coisa não seria de esperar.
E o governo não deve esperar outra coisa que não seja a resposta enérgica dos que não se resignam perante a destruição do SNS.
Luís Gomes
Salvaterra de Magos, 11 de Março de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário