aprovada por unanimidade
Moção
Em defesa do rio Tejo
O rio Tejo e seus afluentes têm vindo a sofrer uma contínua e
crescente vaga de poluição que mata espécies piscícolas, envenena o ambiente e as
pessoas, destrói a biodiversidade e este recurso hídrico estruturante da nossa
região.
As águas que afluem de Espanha vêm já com um elevado grau de
contaminação com origem nos fertilizantes utilizados na agricultura intensiva,
na eutrofização gerada pela sua estagnação nas barragens da Estremadura, na
descarga de águas residuais urbanas das vilas e cidades espanholas sem o
adequado tratamento e na contaminação radiológica com origem na Central Nuclear
de Almaraz.
Em solo português, na área da sua bacia hidrográfica que abrange as
zonas da Beira-Baixa, Alentejo e o Ribatejo, os baixos caudais revelaram, em
toda a sua plenitude, o grau de poluição actualmente existente, assim como os
efeitos das barreiras artificiais sem que algo de significativo esteja a ser
feito por quem tem a responsabilidade directa.
O Acordo de Albufeira, que regula os caudais dos rios internacionais,
não está a ser cumprido por Espanha: uns dias o caudal do rio Tejo, é exíguo
criando até charcos onde fica o peixe preso morrendo por falta de oxigénio ou
tornando-se presas fáceis, e outros dias, é elevadíssimo só para cumprir as
cotas acordadas.
A poluição, em território nacional, provém da agricultura, indústria,
nomeadamente, da pasta de papel e alimentar, suinicultura, águas residuais
urbanas e outras descargas de efluentes não tratados, muitas vezes em total desrespeito
pelas leis em vigor, e sem a competente acção de vigilância, controlo e punição
pelas autoridades responsáveis, valendo a acção de denúncia das organizações
ecologistas e dos cidadãos e cidadãs, nomeadamente, através das redes sociais e
da comunicação social.
Em resposta a uma pergunta escrita dos Deputados do BE, Carlos Matias
e Jorge Costa, o Ministério do Ambiente revelou as seguintes “potenciais fontes de poluição: Vila Velha de
Rodão: Celtejo, Centroliva, Fossa da zona industrial da Câmara Municipal;
Mação: ETAR/Fossa de Ortiga I e II, das Águas de Lisboa e Vale do Tejo (…);
Abrantes: ETAR da empresa Queijo Saloio.”
Esta catastrófica situação do rio Tejo e seus afluentes tem graves
implicações na qualidade das águas para as regas dos campos, para a pesca, para
a saúde das pessoas e impede o aproveitamento do potencial da região ribeirinha
para práticas de lazer, de turismo fluvial e desportos náuticos, desrespeitando
a natureza, a cultura e a saúde ambiental da bacia hidrográfica do Tejo.
Só há desenvolvimento económico se respeitar-se as normas ambientais e
isso implica a salvaguarda do bem comum que o rio Tejo e seus afluentes
constituem para os seus ecossistemas aquáticos e para as populações
ribeirinhas.
A Directiva Quadro da Água previa que tinha que ser garantido o bom
estado das massas de água em 2015 e Portugal não cumpriu.
Agência Portuguesa do Ambiente prevê que tal só seja feito em 2021, no caso das
massas de água da Albufeira de Fratel – Ribeira Açafal (jusante), e em 2027 a
massa de água Ribeira Açafal (montante). Estes prazos para além de adiarem a
resolução do problema significam o seu agravamento.
Perante o exposto, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos reunida
em sessão ordinária de 17 de Fevereiro de 2016 delibera:
Recomendar ao Governo de Portugal:
1º. Que o cumprimento da Directiva Quadro da Água, ou seja, a garantia
de um bom estado ecológico das águas do rio Tejo não seja protelado para 2021 e
2027;
2º. O estabelecimento e quantificação de um regime de caudais
ecológicos, diários, semanais e mensais, reflectidos nos Planos da Bacia
Hidrológica do Tejo, em Espanha e em Portugal, e na Convenção de Albufeira;
3º. A acção rigorosa e consequente da fiscalização ambiental contra a
poluição, crescente e contínua, que cada vez mais devasta o rio Tejo e os seus
afluentes;
4º. A intervenção junto do governo espanhol com vista ao encerramento
da Central Nuclear de Almaraz, eliminando a contaminação radiológica do rio
Tejo e o risco de acidente nuclear;
5º. A realização de acções para restaurar o sistema fluvial natural e
o seu ambiente, nomeadamente, a reposição da conectividade fluvial.
Propor às autarquias da região:
A realização de um Plenário de todos/as os/as autarcas, aberto à
população, para uma tomada de posição pública conjunta em defesa do Rio Tejo
A ser aprovada esta
moção, enviar ao Presidente da
Assembleia da República e Grupos Parlamentares, ao Ministro do Ambiente, à
CIMLT, Assembleia Municipal
de Salvaterra de Magos, Juntas de Freguesia e União de Freguesias do Concelho e
Comunicação Social.
Os
vereadores eleitos do Bloco de Esquerda
Salvaterra
de Magos, 17 de Fevereiro de 2016

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