sexta-feira, 9 de dezembro de 2016










Proposta de deliberação

Falcoaria portuguesa classificada como Património Imaterial da UNESCO - Geminação de Salvaterra de Magos com Valkensward (Holanda)

A UNESCO reconheceu a importância da Falcoaria baseada em vários critérios. O primeiro grande argumento é cultural e politico, acolhendo a ideia de que a Falcoaria faz parte de um património antigo de muitas comunidades, constituindo uma pratica social alargada compatível com a Natureza e o ambiente e que reforça a coesão e identidade dessas mesmas comunidades, ao mesmo tempo aponta a Falcoaria como um bom exemplo de pratica que incentiva o dialogo intercultural, visto ter uma disseminação muito alargada. Em segundo lugar, motivo com cariz pedagógico mas também económico, reconhecendo que a prática da Falcoaria contribui de forma decisiva para a preservação das espécies das aves de presa, amplia o potencial de aprendizagem para as novas gerações, mas anima toda a actividade económica que gira em torno dela. Finalmente o Comité ficou sensibilizado pela forma como muitos indivíduos e comunidades se envolveram no processo de apresentação e o modo como os próprios estados apoiantes fizeram um grande esforço para acolherem a Falcoaria nos respectivos inventários de património.
O principal signatário da proposta foi Abu Dhabi dos Emiratos Árabes Unidos tendo como apoiantes um conjunto de países europeus e árabes que tiveram sempre na Falcoaria uma actividade de referência, são eles: Bélgica, Republica Checa, Franca, Coreia, Mongólia, Marrocos, Qatar, Arábia Saudita, Espanha e Síria.
Em 2010 esta arte foi classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em Novembro na sua 34 ª sessão.
Em 2012, a Unesco estendeu o reconhecimento de património cultural e imaterial à Falcoaria praticada na Áustria e na Hungria, afirmando esperar que seja agora a vez de Portugal se juntar a esta lista de países com a candidatura “ Falcoaria. Património Humano Vivo “.
No passado dia 01 de dezembro de 2016 a falcoaria portuguesa conjuntamente com os países Paquistão, Itália, Alemanha e Cazaquistão passou integrar a lista representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO, juntando-se assim, aos 13 países onde esta arte já é reconhecida como Património da Humanidade.
A falcoaria em Portugal tem tradição sobretudo na região do Ribatejo, destacando-se o concelho de Salvaterra de Magos, onde a família real portuguesa caçava frequentemente e onde o rei D. José I mandou construir a Falcoaria Real, situado na periferia de Salvaterra de Magos e que se tornou "local de encontro de falcoeiros oriundos de vários pontos da Europa".Foi a prática da falcoaria que levou a família real portuguesa a passar longos períodos no concelho de Salvaterra de Magos, zona privilegiada para a caça.
Ali estiveram, no século XVIII, falcoeiros holandeses, originários de Valkensward (Várzea dos Falcões), que trouxeram falcões com características distintas  dos portugueses e transmitiram novos conhecimentos sobre a caça e sobre o tratamento das aves. O Falcoaria Real de Salvaterra de Magos tem características únicas na Península Ibérica, foi construído ao estilo pombalino sob orientação do arquitecto Carlos Mardel e tem, também, algumas influências da falcoaria holandesa.
O edifício entrou em decadência poucas décadas depois da família real portuguesa deslocalizar a corte para o Brasil, devido às invasões francesas.
Em 1953 foi classificado como Imóvel de Interesse Público e já no final do século passado, quando se encontrava completamente degradado, este conjunto foi adquirido pela Câmara de Salvaterra. Votado ao abandono durante décadas, foi no inicio do século XXI que se concretizou a sua recuperação e transformação em espaço cultural. As obras foram inauguradas em 19 de Setembro 2009, passando a antiga “Falcoaria Real” a receber exposições, encontros e oficinas relacionadas com esta temática, possuindo um significativo espólio de aves vivas.

Pelo exposto, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, reunida em 07 de Dezembro de 2016, delibera: 

Considerando as relações seculares com a "Várzea dos Falcões" na Holanda, que datam do século XVIII e o facto de existir no nosso concelho a Falcoaria Real, exposições e iniciativas sobre a temática, para além de um significativo espólio de aves vivas, recomenda-se a constituição de uma comissão conjunta entre o executivo do município de Salvaterra de Magos e Valkensward (Holanda), de forma a avaliar as possibilidades de retomar a geminação baseada em parcerias, protocolos de cooperação e demais acções de geminação. É de assinalar não só os benefícios com a permuta de conhecimentos na arte da falcoaria, como também com o intercâmbio turístico.


Vereadores eleitos do Bloco de Esquerda


Salvaterra de Magos, 07 de dezembro de 2016

Aprovada por unanimidade

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