Proposta de deliberação
Falcoaria portuguesa classificada como Património
Imaterial da UNESCO - Geminação de Salvaterra de Magos com Valkensward
(Holanda)
A
UNESCO reconheceu a importância da Falcoaria baseada em vários critérios. O
primeiro grande argumento é cultural e politico, acolhendo a ideia de que a
Falcoaria faz parte de um património antigo de muitas comunidades, constituindo
uma pratica social alargada compatível com a Natureza e o ambiente e que
reforça a coesão e identidade dessas mesmas comunidades, ao mesmo tempo aponta
a Falcoaria como um bom exemplo de pratica que incentiva o dialogo
intercultural, visto ter uma disseminação muito alargada. Em segundo lugar,
motivo com cariz pedagógico mas também económico, reconhecendo que a prática da
Falcoaria contribui de forma decisiva para a preservação das espécies das aves
de presa, amplia o potencial de aprendizagem para as novas gerações, mas anima
toda a actividade económica que gira em torno dela. Finalmente o Comité ficou sensibilizado
pela forma como muitos indivíduos e comunidades se envolveram no processo de
apresentação e o modo como os próprios estados apoiantes fizeram um grande
esforço para acolherem a Falcoaria nos respectivos inventários de património.
O
principal signatário da proposta foi Abu Dhabi dos Emiratos Árabes Unidos tendo como
apoiantes um conjunto de países europeus e árabes que tiveram sempre na Falcoaria
uma actividade de referência, são eles: Bélgica, Republica Checa, Franca,
Coreia, Mongólia, Marrocos, Qatar, Arábia Saudita, Espanha e Síria.
Em
2010 esta arte foi classificada como Património Cultural Imaterial da
Humanidade pela UNESCO em Novembro na sua 34 ª sessão.
Em
2012, a Unesco estendeu o reconhecimento de património cultural e imaterial à
Falcoaria praticada na Áustria e na Hungria, afirmando esperar que seja agora a
vez de Portugal se juntar a esta lista de países com a candidatura “ Falcoaria.
Património Humano Vivo “.
No passado dia 01 de dezembro de 2016 a falcoaria
portuguesa conjuntamente com os países Paquistão, Itália, Alemanha e
Cazaquistão passou integrar a lista representativa do Património Cultural
Imaterial da UNESCO, juntando-se assim, aos 13 países onde esta arte já é
reconhecida como Património da Humanidade.
A falcoaria em Portugal tem tradição
sobretudo na região do Ribatejo, destacando-se o concelho de Salvaterra de
Magos, onde a família real portuguesa caçava frequentemente e onde o rei D.
José I mandou construir a Falcoaria Real, situado na periferia de Salvaterra de
Magos e que se tornou "local de encontro de
falcoeiros oriundos de vários pontos da Europa".Foi a prática da falcoaria
que levou a família real portuguesa a passar longos períodos no concelho de
Salvaterra de Magos, zona privilegiada para a caça.
Ali estiveram,
no século XVIII, falcoeiros holandeses, originários de Valkensward (Várzea dos
Falcões), que trouxeram falcões com características distintas dos
portugueses e transmitiram novos conhecimentos sobre a caça e sobre o
tratamento das aves. O Falcoaria Real de Salvaterra de Magos tem
características únicas na Península Ibérica, foi construído ao estilo pombalino
sob orientação do arquitecto Carlos Mardel e tem, também, algumas influências
da falcoaria holandesa.
O
edifício entrou em decadência poucas décadas depois da família real portuguesa
deslocalizar a corte para o Brasil, devido às invasões francesas.
Em
1953 foi classificado como Imóvel de Interesse Público e já no final do século
passado, quando se encontrava completamente degradado, este conjunto foi
adquirido pela Câmara de Salvaterra. Votado ao abandono durante décadas, foi no
inicio do século XXI que se concretizou a sua recuperação e transformação em
espaço cultural. As obras foram inauguradas em 19 de Setembro 2009, passando a
antiga “Falcoaria Real” a receber exposições, encontros e oficinas relacionadas
com esta temática, possuindo um significativo espólio de aves vivas.
Pelo
exposto, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, reunida em 07 de Dezembro
de 2016, delibera:
Considerando as
relações seculares com a "Várzea
dos Falcões" na Holanda, que datam do século XVIII e o facto de existir no
nosso concelho a Falcoaria Real, exposições e iniciativas sobre a temática,
para além de um significativo espólio de aves vivas, recomenda-se a constituição de uma comissão conjunta entre o
executivo do município de Salvaterra de Magos e Valkensward (Holanda), de forma a avaliar as possibilidades de retomar a geminação baseada em parcerias, protocolos de cooperação e demais acções de
geminação. É de
assinalar não só os benefícios com a permuta de conhecimentos na arte da
falcoaria, como também com o intercâmbio turístico.
Vereadores
eleitos do Bloco de Esquerda
Salvaterra de Magos, 07 de dezembro de
2016
Aprovada por unanimidade
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